Património Imaterial UNESCO

A partir da década de 40 do século XVIII começam a surgir em Alcáçovas referências documentais a mestres chocalheiros. No século XIX, a indústria chocalheira representava a atividade económica mais significativa e importante da vila. Alcáçovas é o principal centro de manufatura de chocalhos.

O chocalho português é um instrumento de percussão idiofone com um único badalo interno. Funciona de forma semelhante a um sino e é geralmente pendurado numa tira de couro à volta do pescoço de um animal. Está muito associado à pastorícia e era usado pelos pastores para localizar e controlar o seu gado. Assume-se como “uma espécie de GPS do gado que permite saber onde estão os animais”, bem como “um bem imaterial quase invisível”, mas “identitário dos campos e do mundo rural português”.

A arte do “Fabrico de Chocalhos” foi inscrita, a 1 de dezembro de 2015, na Lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente. “O Fabrico de Chocalhos” é o primeiro elemento inscrito por Portugal nesta lista, que visa proteger manifestações culturais em risco de desaparecimento, nomeadamente devido à diminuição do número de artesãos que a praticam.

A candidatura foi liderada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo em colaboração com Câmara Municipal de Viana do Alentejo e pela Junta de Freguesia de Alcáçovas.

Portugal tem no seu património cultural uma expressão musical muito genuína, e única no mundo, o Cante Alentejano. Um Alentejano nunca canta sozinho…..Cantado em coro e sem qualquer recurso a instrumentos musicais, por grupos de homens ou de mulheres, o Cante Alentejano é uma manifestação popular característica do Alentejo e agora reconhecida, desde 2014, como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Embora atualmente esta expressão seja mantida pelos grupos corais, ela sempre aconteceu em contextos informais, durante o trabalho no campo ou em momentos de festa. As letras falam de sentimentos e de momentos do quotidiano e são sabidas “de cor”, mesmo por quem não sabe ler.

Não estando diretamente ligado a um género ou estrato social específico, é muitas vezes associado às classes rurais que se formaram numa região onde a industrialização agrícola e a extração mineira se desenvolveram durante o final do século XIX e século XX. O primeiro grupo coral surgiu em 1926, associado aos trabalhadores das Minas de São Domingos (Baixo Alentejo). De visita ao Concelho de Viana do Alentejo, esteja atento, pode ouvi-lo entoar espontaneamente em qualquer taberna ou associação recreativa, num momento de descontração depois de um dia de trabalho”.