A olaria e o trabalho do barro, as suas formas e os seus trajetos são bastante comuns em Portugal, e a olaria tradicional de Viana do Alentejo não foge à exceção. O método de processamento do barro e sua consequente modelagem às formas tradicionais aparenta ser bastante comum: ia-se ao local de extração de barro para adquirir a matéria-prima, esta era transportada para a olaria, onde o barro era limpo e preparado para ser trabalhado na roda. Depois da peça moldada, esta era cozida.
As olarias apresentam estruturas patriarcais, onde o ofício de oleiro é passado de pai para filho. Esta pequena economia doméstica, familiar, era alterada quando a procura das peças o exigia, levando o oleiro a contratar mão-de-obra à jorna. Esta dinâmica familiar também é visível nos trabalhos desenvolvidos no espaço da olaria, que se encontravam divididos por sexo.
No caso de Viana do Alentejo, a fundação da escola de olaria Médico de Sousa veio alterar a estrutura geracional do ensino do ofício, disponibilizando o conhecimento e a aprendizagem a todos que o pretendessem. Fundada a 28 de outubro de 1893, esta oficina/escola onde se ensinava praticamente todos os processos relativos aos ofícios do oleiro, forneiro de louça e pintor cerâmico, constituiu-se como uma das primeiras escolas industriais do país. Ligada à União Vinícola e Oleícola do Sul, primeira adega cooperativa do nosso país, foi dado pela população o nome de Escola Médico de Sousa, em sinal de gratidão e respeito pelo empreendimento de toda a família Sousa em prol da vila e do Concelho de Viana do Alentejo. O pintor portuense Júlio Resende, o ceramista caldense Armando Correia, o natural de Vila da Feira, Aníbal Alcino e o vianense Francisco Lagarto são alguns dos nomes maiores associados ao ensino neste estabelecimento.
Os motivos decorativos e a paleta cromática utilizada apontam para uma arte fortemente enraizada na cultura do Alentejo: as práticas ligadas ao campo e aos seus afazeres, a indumentária, as paisagens locais, associadas a cores como o castanho, uma escala variada de azuis e outra de ocres, fundos tendencialmente secundarizados perante a ausência da perspetiva e a predominância de um desenho naïf apontam para um verdadeiro catálogo de práticas culturais.
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