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Os procedimentos técnicos de fabrico do chocalho levaram Fernando Casqueira na sua tese a equacionar a hipótese de uma possível génese romana para o artefacto. As similitudes entre o processo faseado do fabrico do chocalho e o processo de elaboração do mesmo tipo de peças artesanais na zona de Espanha e França levam o autor da tese a inferir nesse mesmo sentido, tendo presente as peças realizadas em contextos nórdicos (Hungria, Roménia e Polónia) já apresentam formas bastantes díspares do chocalho apresentado no Sul Europeu.
A função organizativa que o chocalho patenteada no contexto agro-pecuário aparenta ter reminiscências no papel religioso e profano dos sinos de igreja e da sua ingerência direta nos quotidianos das populações rurais.
São parcas as fontes que nos apresentam informações relativas quer ao fabrico de chocalhos quer aos seus mestres no Portugal Medieval, uma vez que os registos da Casa dos Vinte e Quatro e demais estudos dos metais não lhe fazem referência. No entanto, a arte existiu nesse tempo, disseminada numa tradição pastorícia, com demarcada caracterização na região alentejana. Já para os séculos XIV e XVI é avançada a hipótese de terem sido os judeus a ocuparem-se dos trabalhos com os metais, relacionando-os com as indústrias da ourivesaria, metais e armamento, e todo um conjunto de práticas que vão desde a medicina à tinturaria e aos curtumes.
A primeira referência à prática do trabalho do chocalho surge já no século XIX através de documento publicado por João Rosa, que se acredita ter sido a carta que oficializa a profissão na vila de Alcáçovas. Continua-se a não saber quem terá sido o primeiro mestre chocalheiro da vila alentejana. Pelo ano de 1890 contavam-se 20 mestres divididos por 10 oficinas com intenção de fabrico. Já em 1913 há notícia de existirem pelo menos 17 famílias a trabalhar na arte.
As mais recentes investigações apontam para um ligação entre o aparecimento da arte em Alcáçovas e o surgimento de ovinos de raça merina em Montemor-o-Novo.
O Fabrico de Chocalhos foi inscrito nas listagens da Unesco como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente a 1 de Dezembro de 2015, no âmbito de uma candidatura da Turismo do Alentejo (ERT), da Câmara Municipal de Viana do Alentejo e da Junta de Freguesia de Alcáçovas.
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