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Viana do Alentejo
Ao percorrer as páginas da História do Santuário de Nossa Senhora D’Aires, verificamos que sempre foi um espaço de passagem e de encontro da fé católica.
A envolvência do santuário regista a presença romana no espaço com um vicus (unidade territorial) datável do século II d.C, bem como a presença do povo árabe a partir do século XVII d.C.
Já no século XVI é referido por algumas fontes históricas a presença de uma ermida, com uma possível ligação à presença templária no território. Esta ermida quinhentista, que é antecedida por um templo paleocristão, vê a sua arquitetura expandida através de um projeto de índole barroca, implementado entre 1743 e 1804, que esteve a cargo do Padre João Baptista, oratoriano de S. Filipe de Neri de Estremoz, tendo como Mestre de Obras Manuel Gomes (Sé de Évora).
A História da Arte considera-o uma das referências do barroco regional, pela erudição do seu programa decorativo, fortemente influenciado pelas obras de Frederico Ludovice e do Barroco mafrense, e pela organização espacial onde se denotam claras influências do trabalho de Gian Lorenzo Bernini na Basílica de São Pedro em Roma, em elementos como o altar, o baldaquino (cúpula sustentada por colunas e que resguarda um altar, um retábulo, uma escultura ou um portal) e o Zimbório (parte mais alta e exterior da cúpula, em forma de torre, em geral circular ou octogonal).
O projeto assenta numa planta de cruz latina esplanada numa única nave longitudinal de três tramos com abóboda de berço na cobertura. No interior, a transcendência do programa decorativo e o foco iluminação centram-se na imagem quinhentista de Nossa Senhora D’Aires (Nossa Senhora da Piedade, segundo a iconografia cristã). Assente em escaiolas coloridas e marmoreados diversos, a gramática etrusco pompeiana implementada institui os limites dos espaços pictóricos, assumindo a tarefa decorativa e delegando a função catequética nos símbolos dos Sagrado Coração de Jesus e Maria, da Imaculada Conceição e Nossa Senhora D’Aires presentes na abóbada da nave.
Com uma decoração também assente em estuque e pinturas murais a secco, a capela-mor institui-se como o espaço mais nobre de todo o conjunto. As colunas compósitas de mármore verde, assentes numa arquitetura de planta octogonal assente sobre trompas, enquadrável num estilo de transição entre o barroco e o rococó, encimada por um Zimbório aparência hemisférica. A Capela-mor desenha-se numa planta relativamente circular, assente em arcos redondos demarcados por colunas compósitas de mármore oriundo das pedreiras de Viana com decoração assente.
O Santuário Mariano de Nossa Senhora D’Aires foi ao longo da sua história um ponto de encontro da fé católica. Numerosos grupos de peregrinos afluíam na sua fé ao santuário, proveniente de terras como Alvito, Alcácer do Sal, Vidigueira, Cuba, Beja, Torrão, Montemor-o-Novo, Évora, e Vila de Frades, nos períodos festivos de setembro e outubro.
De matriz barroca, este espaço religioso apresenta uma planta de cruz latina composta por uma única nave longitudinal com cobertura em abóbada de berço, dividida por sua vez em três tramos, com uma decoração assente em escaiolas coloridas e em marmoreados diversificados, apresenta no espaço da cúpula pinturas a seco decorativas e nos alçados laterais interiores estuques pintados a óleo, segundo a gramática decorativa etrusco-pompeiana, onde os símbolos do sagrado coração de Jesus e Maria, da Imaculada Conceição e Nossa Senhora D’Aires são a temática decorativa explanada.
A capela-mor assenta numa planta relativamente circular, rasgada por arcos redondos assentes em colunas compósitas de mármore oriundo das pedreiras de Viana, com decoração assente em estuque e pinturas murais a secco. Destaca-se o Zimbório de aparência hemisférica, implantado em planta octogonal assente sobre trompas, enquadrável num estilo de transição entre o barroco e o rococó.
A Casa dos Milagres constitui em si mesmo uma coleção visitável de arte popular do mais sui generis que se pode encontrar em Portugal. Fotografias antigas, vestidos de noiva, tranças de cabelos e alguns dos ex-votos primitivos são testemunhos materiais de épocas e mentalidades de uma fé professante.
Associada a este espaço encontramos dois dos mais emblemáticos eventos culturais de Viana do Alentejo: a feira franca de Nossa Senhora D’Aires, realizada no último fim-de-semana de setembro, instituída pelo alvará de 27 de setembro de 1754, assinado pelo ministro Marquês de Pombal, com a Chancelaria de D. José I, e a Romaria a Cavalo, percurso feito entre a Moita e Viana do Alentejo, através da antiga canada real, que se costuma realizar no último fim-de-semana do mês de abril.